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terça-feira, 28 de abril de 2009

Com a Minha nas Índias: Casseta abusa de caracterização em paródia de novela


Os sete componentes do Casseta e Planeta têm plena consciência de que seus textos bem humorados não seriam nada sem a debochada caracterização do programa. E o trabalho dos "cassetas" começa bem antes de entrarem em cena para ouvir o "gravando" do diretor José Lavigne.

Em uma sala de maquiagem, eles passam por uma transformação, que é repetida todas às terças, na Globo. Sentar na cadeira da maquiadora é rotina, assim como decorar um texto. Mas não que isso seja um algo simples para os humoristas. "É um momento crítico. Não podemos falar para maquiagem não borrar. Tudo tem de sair perfeito", afirma Hélio de La Peña, enquanto aguarda o início da caracterização da Metidissa, paródia de Melissa, de Caminho das Índias.

A paródia da novela que está no ar é ainda mais exagerada. Atualmente, Com a Minha nas Índias tem dado trabalho à equipe de caracterização do programa. Isso por conta da riqueza de detalhes que os personagens da novela Caminho das Índias têm. Beto Silva, que encarna o papel da atriz Betty Gofmam, afirma que teve dificuldades para se tornar mulher por instantes.

"Dá muito trabalho afinar sobrancelha, colocar aplique. Mas o melhor da Lesa Daysi é que, mesmo com tanta roupa, me senti magra como ela", ironiza. Maria Paula que interpreta Maya Paula, a Maya de Juliana Paes, e Tonia Maria, de Marjorie Estiano, se preocupa com todos os detalhes de suas personagens.

Ao se preparar para Marjorie Estiano, ela olha com cuidado para a foto da atriz e pede à maquiadora que faça o mais próximo possível. "Reparei que essa peruca veio sem franja e não pode ser assim. Quero que fique igual", exige a humorista, colocando os óculos com lentes grossas da personagem no rosto.

Para se transformar em Maya Paula, ele permanece por mais de 40 minutos na sala de maquiagem. "Tenho de colar uns adesivos na peles, as tatuagens e a própria maquiagem indiana, que tem o olho preto com o cal", explica.

Em cima de um salto alto, Helio de La Penã parodia Melissa, de Christiane Torloni. Ele sai da sala de maquiagem já pronto na pele de Metidissa, e com toda a elegância da perua rica de Caminho das Índias.

Mas a preocupação vai além da maquiagem. O figurino usado para a cena deve ser o mesmo que a atriz usa no mesmo dia que o capítulo vai ao ar. Em um tubinho branco, o humorista conta que já se acha a cara da atriz.

"Tento fazer o mais parecido com ela. O vestido, a maquiagem. Só quem não gosta é meu filho, que pede para eu não imitar mais mulheres", afirma.

Quem ainda tem problemas com a "imersão" no personagem é Cláudio Manoel. Ele detesta usar lentes e cílios. Mas não deixa de afirmar que os elementos dão mais veracidade ou, pelo menos, fazem parecer mais caricatos. Em Com a Minha nas Índias, ele vive Falsúria, imitação de Surya, de Cleo Pires. "Acho que me escolheram para ela por não termos nenhuma semelhança mesmo", conta Claudio, que passa por uma sessão de maquiagem que dura quase uma hora, para ficar com o mesmo aspecto da atriz, com boca grande e traços bem marcados. Ele também faz Manu, personagem de Osmar Prado.

"Mas esse me dá menos dor de cabeça. Sou careca como ele", diz aos risos. Mas a própria supervisora de caracterização, Joelma Neuma Caldas, diz que Cláudio é o mais rebelde de todos, e que por isso, demora mais tempo para produzi-lo. Em um acervo de quase 500 perucas e muitas próteses de orelhas e narizes, ela conta que escolhe pessoalmente o que cada um vai usar.

"Temos uma peruca exclusiva para cada personagem São detalhes dos quais não abro mão", conta. O resultado final é visto com orgulho pela equipe que garante que chega a ser parada pelos atores, que comentam a semelhança. "Não há quem não comente a semelhança. Se não comentam é por vergonha mesmo. Com a Minhas nas Índias é um sucesso", brinca Beto Silva.


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